segunda-feira, 5 de março de 2012

ARTISTAS DO SINAL VERMELHO

Artistas de rua se apresentam em meio ao trânsito de Fortaleza.

Palhaçadas, malabares, equilíbrio e muita alegria.É assim que alguns artistas de rua tornam o tempo dos motoristas nos sinais de transito em momentos menos ociosos. A atividade tira a ideia que quem fica no sinal, são somente os pedintes.
É fazendo malabarismo e vestido de palhaço no sinal próximo ao Iguatemi em Fortaleza que o Wilkinson Rayron ganha a vida. Ele faz palhaçadas e uns truques de malabarismo no sinal de trânsito e, em troca ganha aplausos, levando para casa os trocados dos espectadores que assistem seus números circenses enquanto esperam o sinal abrir. “Comecei a trabalhar no sinal porque no circo já não estava dando tanto dinheiro. Acho um trabalho digno. No inicio tive vergonha, mas quando percebi que dava pra sustentar meu filho assim, continuei. Às vezes ganho muito, outras pouco, fico na esperança de aparecer um abençoado para dar uma ajuda maior. Muita vezes os aplausos, é melhor do que uma moeda; fico muito alegre com isso”, diz Rayron, que tira do sinal vermelho o dinheiro de pagar a pensão de seu filho.
O artista se exibe perigosamente em troca de seu sustento. Rayron, como prefere ser chamado, frequenta o sinal a pouco mais de um ano. “Eu entrei nas drogas para tentar curar a dor da morte da minha filha mais nova, e separei da mulher. Mas quando vi que minha filha não queria isso pra mim, parei com a pedra e comprei um carro pra mim com o dinheiro do sinal”. O jovem tem 23 anos, trabalhou em circos como Beto Carreiro e hoje mora no circo da família que se encontra montado na cidade de Pacajus. Em sua apresentação no circo, recita um poema que fez para filha falecida, onde todos aplaudem e se emocionam ao mesmo tempo.

 “Muitos pegam dinheiro pra usar drogas e a gente pra sustentar a família, consegui dar  a volta por cima, o dinheiro que ganho no sinal é como qualquer outro trabalho, não tenho que dar satisfação a patrão. Comprei meu carro e ajudo minha família com o dinheiro do sinal quando o circo não dá lucro.” Afirma o jovem Rayron.

Ali perto, no mesmo cruzamento de Rayron, se exibe seu irmão Francisco Wildson, o Quiquinho, 28 anos. Com nariz e pintura de palhaço no rosto, o jovem dá cambalhotas e tenta chamar a atenção de quem vai e de quem vem nessa correria do dia à dia. Perguntando dos motivos que lhe levaram a ter que fazer apresentações na rua o jovem responde: “Sou de uma quinta geração de circo e depois que meu pai vendeu a casa e saiu do trabalho fixo, a família abriu nosso circo que se chama Circo Sky. O sinal é um ganho extra pra mim”.
Casos como os dos irmãos circenses se repetem todos os dias pelos semáforos e encruzilhadas Brasil a fora. Os minutos que os carros ficam parados no sinal vermelho dão oportunidade a artistas anônimos de mostrarem seu talento e tentarem ganhar seu sustento passando o famoso chapéu.  Uma forma justa e digna de tentar ganhar seu dinheiro sem prejudicar o próximo.

Fernanda Leite (Fortaleza, 04 de março de 2012.)



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