O
drama de quem vive nas ruas, por uma série de perdas, muitas vezes, não por
culpa própria, mas por não terem uma casa para se abrigar. É grande a
quantidade de pessoas em Fortaleza que vive em situação de rua. Mas o
perfil do morador de rua atual não é mais representado pela figura
geralmente negro, com pouca escolaridade e desempregado. Aliás, não há
perfil homogêneo para traçar a população que vive nas ruas.
Apesar
de fatores como demência, abandono, drogas e álcool serem responsáveis
por levar algumas pessoas a viverem nas ruas, a exclusão social e
econômica ainda são a grande vilã. Hoje, já existe um novo tipo de
morador de rua, são pessoas que já tiveram emprego formal, famílias e
até mesmo universitários e alguns famosos que são noticiados de vez em
quando em matérias especiais sobre o assunto.
Pé
de ferro, como gosta de se chamar Maria da Cruz, sempre pede dinheiro com
seu esposo no sinal da Avenida Castelo de Castro, de vez em quando eles
limpam os vidros dos carros em troca das moedas. O casal no tem casa e
quase sempre dorme nas calçadas de pessoas do bairro. “Todo mundo aqui
sabe que somos viciados e usamos boa parte do nosso dinheiro para
comprar pedra. Mas, pelo menos não estamos roubando. Só que também
comemos e alimentamos nosso cachorro com as moedas dadas pelas pessoas.
Já tive casa arrumadinha, trabalhei como babá e fui casada com um homem
muito bom, mas foi a droga que me tirou tudo isso”, afirma.
Enquanto
a situação não é resolvida, tentativas de amenizar o problema dos
moradores de rua pelo visto não faltam. Tem sido desenvolvidos programas
de acolhimento, bolsa aluguel, entre outros, mas sabe-se que muitos
preferem continuar nas ruas. O motivo só eles mesmo sabem.
Fernanda Leite (Fortaleza, 01 de abril de 2012).